A conexão da propriedade rural com a internet e o uso dos recursos disponíveis em tecnologias da informação e comunicação podem ampliar em R$ 200 milhões o faturamento bruto da produção agropecuária de Toledo. A estimativa foi apontada pelo diretor da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável, Científico e Tecnológico (Funtec), Renato Tracht, durante reunião realizada com o Sindicato Rural de Toledo, empresas e cooperativas ligadas ao agronegócio. A reunião teve por objetivo abrir caminhos na busca de soluções para a conectividade no campo e contou com a participação de empresa que atua como provedora de internet no ramo de fibra óptica e que recentemente adquiriu licenças 5G para o Paraná.
A proposta é fazer a chamada “Prova de Conceito” (POC), uma metodologia que serve para testar na prática se determinado recurso tecnológico apresenta eficiência esperada e assim possa ser replicado com mais confiança para que a propriedade rural utilize todas as possibilidades que a conexão com a internet oferece para as diferentes atividades.
É o que desejam os produtores rurais, em especial associados do Sindicato Rural Patronal de Toledo. O presidente do Sindicato, Nelson Gafuri, lembra de recente levantamento apresentado durante programa de formação de lideranças que apontou para essa demanda. “As granjas estão mais modernas, o agronegócio está mais conectado e o produtor segue com muitas carências. A nota fiscal eletrônica é um exemplo: só não avança porque não temos internet de qualidade nas propriedades rurais. Por isso, essa reunião é um avanço para encontrarmos soluções viáveis e que atendam ao que precisam os produtores rurais”, comenta Gafuri. O crescimento no Valor Bruto da Produção (VBP), com a conectividade adequada, seria uma consequência desses esforços.
Para o diretor da Funtec, a reunião de aproximação entre os atores do agronegócio serviu para promover a interação e fazer com que a empresa consiga entender e vislumbrar o cenário de Toledo no agronegócio, bem como suas necessidades. “Eles saíram do escritório para conhecer a experiência do campo e as necessidades das granjas. Essa é a ideia: trazer essa situação real e autêntica para esse projeto”, comenta ao registrar a presença de Nelson Takahashi e Daniel Pires, da Ligga Telecom.
Além deste diálogo com o Sindicato Rural Patronal, visitas a empresas e fornecedores de equipamentos para granjas agregam no conhecimento dos requisitos para desenhar uma solução que atenda tanto o ponto de vista técnico quanto o ponto de vista comercial e de modelo de negócio. “Uma excelente a iniciativa do Sindicato, Funtec e empresas da região. Foi uma reunião muito produtiva. Estamos planejando um projeto inovador para a região. A conectividade no agro é um desafio nacional e aqui é muito interessante perceber toda essa articulação da região que tem o potencial de trazer um projeto que resolva esse problema. Levantamentos as aplicações, demandas de uso, equipamentos, tudo focado não só na melhoria dos negócios, mas também no bem-estar dos produtores e funcionários que operam toda a produção alimentícia que é uma referência nacional”, salienta Takahashi, que é da área de engenharia da empresa.
Representantes de empresas e cooperativas estão certos de que a conectividade das granjas trará ganhos substanciais nos sistemas de produção que atualmente fazem uso controladores de ambiência e outros processos, mas que podem melhorar ainda mais com a incorporação de sensores para diferentes aplicações. Eles consideraram ainda que além dos negócios, o produtor rural ganhará em conforto e seus colaboradores igualmente, condição que favorece a manutenção de ambos no meio rural e que pode até mesmo diminuir as possibilidades de rotatividade na questão empregatícia do campo.
Embora os desafios topográficos e de localização de determinadas propriedades rurais, Takahashi imagina um projeto que possa causar grande transformação no agro e ser uma referência nacional. “Buscaremos desenhar um projeto piloto em conjunto. Dentro de todas as aplicações que estamos vendo a partir das inovações, vamos combinar várias tecnologias para construir algo que seja inovador do ponto de vista tecnológico e de viabilidade financeira do negócio”, reafirma.