Brasileiro come menos carne, mas setor tem boas perspectivas
 
publicado em: 06/09/2021
 
O brasileiro comeu menos carne bovina no ano passado. Pressionado por um aumento expressivo dos preços no varejo e pelos reflexos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus, a consumo despencou 10,5% em 2020, segundo levantamento do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP. Em média, cada brasileiro consumiu 27,3 quilos de carne ao longo do ano passado – o mesmo patamar de 15 anos atrás. O auge havia sido registrado em 2013, quando a média chegou a 33 quilos per capita Apesar do recuo, as perspectivas são positivas para o setor produtivo. Com a disponibilidade reduzida de animais, a cotação da arroba tende a continuar a níveis altos – em torno dos R$ 300. Apesar de o mercado interno continuar sendo o principal destino do setor, as exportações tiveram uma alta significativa no ano passado, o que contribui para o cenário favorável. A queda do consumo passa, necessariamente, pela conjuntura econômica. Em um ano em que a taxa de desemprego saltou de 11,3% para 14,3% e que mesmo o setor informal também foi afetado pela pandemia, o Brasil viu uma parcela significativa da sua população perder renda. Com os preços da carne bovina em alta, muitos consumidores se viram obrigados a migrar seus hábitos para outros tipos de proteína animal – como aves, suínos e ovos. A queda no consumo só não foi maior em razão do auxílio emergencial, pago pelo governo federal – em parcelas de R$ 600, que beneficiaram 64 milhões de pessoas. “A situação econômica foi determinante nesse contexto e essa instabilidade deve prevalecer em 2021. Há muitas incertezas em relação à retomada das atividades plenas e sobre o ritmo da vacinação, o que poderia contribuir para a retomada do consumo de carne bovina”, explica Guilherme Souza Dias, técnico do DTE da FAEP, responsável pelo levantamento. “A queda no consumo foi freada pelo auxílio emergencial, mas só isso não bastou. No Paraná, por exemplo, o preço da carne bovina subiu 35% no varejo. Isso faz com que os consumidores migrem a outro tipo de carne. E a gente não vê tendência de que isso mude significativamente no curto prazo”, avalia Rodrigo Tannus de Queiroz, analista de mercado da Scot Consultoria.